quarta-feira, 17 de março de 2010

UMA CRÔNICA PARA ARACAJU

Hoje acordei com uma vontade danada de fazer uma crônica sobre Aracaju na data do seu aniversário. 155 anos se passaram de sua emancipação. Inácio Barbosa, governante da época ,fez a transferência de São Cristóvão, porisso, durante muitos anos, foi conhecida como a Barbosópolis (cidade de Barbosa). E nesse episódio lembro do lendário João Bebe Água, daquela cidade, que guardou foguetes para a volta da capital para a antiga 4a. cidade mais antiga do Brasil.
Conheci Aracaju ,há muitos anos, 64, mais precisamente, quando meus familiares vieram para a capital. Foi amor à primeira visita, como acentuou uma jornalista da terra.
À época a cidade, uma menina interiorana, já desabrochava para a vida.
Aos meus oito anos, - ai que saudades que eu tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais -, no dizer do poeta.
Bem, aos meus oito anos, minha avó me trouxe de férias da pequenina São Brás (AL) para conhecer Aracaju. O menino pega o trem em Propriá e chega até Aracaju. Desce na estação, onde hj. se localiza o mercadão.
Encanta-se, tudo é muito bonito, sua vó e sua tia vêm recebê-lo e levá-lo para a residência, localizada na rua Dom Quirino. Até os jardins do cemitério Santa Isabel eram novidades para o pobre menino.
Lembro que passando na hj. Av. João Ribeiro, havia um derrame de farinha do reino na calçada, o menino não entendia.
Mas depois lhe informaram que se tratava de um comerciante italiano - Nicola Mandarino -, que apoiava as tropas do eixo Berlim-Roma-Tóquio, mantendo contactos com os submarinos alemães que torpedearam os navios brasileiros Baependi, Arara, Araraquara, nas costas de Sergipe. Então os estudantes do meu velho Atheneu quebraram tudo do italiano.
Lembro dos bondes que passavam pela rua Dom Quirino; das "marinetes" (hj. ônibus) que passavam pela Av. Simeão Sobral em demanda ao interior. Eram os ônibus de Marinho Tavares se dirigindo para o interior do Estado.
Meu avô tinha um fabrico de mariolas e ia vender nos diversos bairros, principalmente nas Oficinas (hj. Siqueira Campos) e eu o acompanhava, e assim fui conhecendo a cidade que tinha poucos bairros à época.
Mas terminam as minhas férias e volto para minha cidadezinha no Estado de Alagoas.
Mas já estava traçado, brevemente voltaria a Aracaju e aconteceu no ano de 1946, com a morte de meu pai, que trabalhava em Passagem -Neópolis (SE), já agora vou morar na rua de Capela, mas tinha saudades da rua Dom Quirino.
Agora, Aracaju, vejo você com outros olhos, mais bonita, mais desenvolvida, ainda com seus bondes,
seus colégios, seus clubes, seu comércio regorgitando de gente.
É uma segunda fase e novos fatos se apresentam. Os chamados "Altos de Areia", localizados em muitos lugares da terra, desaparecem na administração do Governador Leandro Maciel. Em um daqueles locais foi construída a Rodoviária Velha.
Aracaju antiga, do seu mercado, das suas retretas, dos seus clubes sociais, do seu carnaval que começava na rua José do Prado Franco e terminava no Palácio do Governo; Aracaju da Associação Atlética de Sergipe, do Vasco, do Cotinguiba, do Sergipe, também clubes sociais; Aracaju do trem "estrela do norte" cujo destino era Salvador; Aracaju do navio "Loirinha", com turistas no estuário do rio Sergipe; Aracaju da Escola Normal, com suas belas normalistas, imortalizadas na música de Nelson Gonçalves; Aracaju do Cacique Chá, onde se reuniam os intelectuais da terra como o Prof. Alberto Carvalho, o advogado Jaime Araújo, o promotor Fernando Nunes e outros; Aracaju do poeta Santo Souza, que formava a antiga tríade Santos Santana/Santos Mendonça e Santo Souza; Aracaju dos juristas Gonçalo R. Leite, Osman Hora Fontes, Carvalho Neto, Mons. Dr. Alberto Bragança de Azevedo e outros; Aracaju dos meus profs. do Ginásio , Gonçalo R. Leite, Franco Freire, Ofenísia S. Freire, Gentil Tavares, José A. da Rocha Lima e outros; Aracaju dos meus Profs. de Direito, Gonçalo, Osman, Olavo, Juçara, Luiz Carlos F. Alencar e outros; Aracaju dos meus tempos de bancário na Casa Bancária de Crédito Sergipense e depois Banco do Brasil.
Durante esses 155 anos Aracaju se transformou, mudou, mas é bela, faceira; Aracaju dos seus antigos cinemas Vitória, Rio Branco, Rex, Aracaju, Senhor do Bonfim, que hoje, com o advento dos Shoppings, desapareceram e se localizam apenas nos Hippers mercados; Aracaju da "cascatinha", da"Iara", das festas ao redor da Matriz, do "seu" Tobias; Aracaju também das ruas de Bonfim, Lagarto, Simão Dias, onde predominava o meretrício.
Finalizando, quero lhe parabenizar por essa data, com suas longas avenidas, construções verticais, caminhando a passo célere para uma metrópole.