Pede-me o Jornal da Cidade, através de seu competente jornalista, um apanhado, uma pequena biografia de minha vida em terras alagoanas, sergipanas e baianas. Faço-o agora, a fim de dar conhecimento das atividades vividas em mais de meio século.
Nasci na cidadezinha de SÃO BRÁS, Estado de Alagoas, localizada à margem esquerda do rio São Francisco, em 04 de agosto de 1933, portanto hoje já sou um setentão bem vivido, atravessando boas e más fases da vida, mas quem não as passa? Ultrapassei as piores e me sinto hoje realizado nas tarefas que abracei.
Meus pais, - Hermes Santana e Áurea Santos Santana -, hoje falecidos, meu pai desapareceu com apenas 39 anos, na cidade de Penedo(AL) e minha mãezinha, aqui mesmo, nos meus braços, em janeiro de 2001, com 93 anos; meu genitor exercendo atividade de comerciante em São Brás e minha mãe vivia para cuidar dos filhos.
A família de meu pai era muito conhecida em São Brás, 11 irmãos, com dois padres na família, tio Fernando e tio Arnulfo, razão por que meu pai, em homenagem ao sacerdote, colocou o nome de ARNULFO em meu irmão mais velho, o saudoso Arnulfo SANTOS SANTANA.
Minha mãe chegou a ter 16 filhos, quase todos nasciam e faleciam, pois em São Brás não tinha médicos e era preciso levar para Própria (SE). Criaram-se apenas 3: Arnulfo, eu e Carmelita, esta última falecida já aqui em Aracaju, com 13 anos de idade, restaram o jornalista e este escriba.
Lembro da minha infância em São Brás, os amigos da época, a escola, o catecismo e, principalmente, o caudaloso rio São Francisco, que passava atrás de nossa casa, que beleza, meu Deus!!! E, como o jurisconsulto romano, CAIO, “ cai , dos meus olhos, uma gota” , ao lembrar-me do Velho Chico, e o menino de ontem lembra o poeta e profere: “ ai que saudades que eu tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais”....
Os negócios de meu pai não dão certo e nós,numa canoazinha, - ainda me lembro -, vamos morar na vila da Passagem – Neópolis – Sergipe, na casa de tia Maria. A casinha de minha tia era de palha e passamos alguns meses por lá. Posteriormente meu pai, operário da fábrica da Passagem, melhora de situação e vamos morar em uma casa da fábrica na rua do futebol.
Na Passagem estudava e era coroinha da igreja. A minha professora LILA usava uma régua nas aulas e muitas vezes tomei bolos em minhas mãos porque não acertava alguma indagação.
Mas meu pai, Hermes, já gozava de prestígio e fazia parte de sindicatos em Neópolis; fazia discursos. Hoje, rememorando os fatos, entendo que foi em 1945, período da redemocratização do País, fim do Estado Novo, presidido pela Constituição de 1937, a “polaca”, modelo polonês.
Pois bem, nessas andanças, atravessando da Passagem para Penedo, meu pai é acometido de febre tifóide, e à época ainda não existia a cloromicetina, faleceu em Penedo e o corpo trasladado para São Brás, onde estão os seus restos mortais.
Á época meu irmão Arnulfo, que já estivera com um tio em Barra da Estiva (BA), tio Fernando (padre), que todo ano levava 3 sobrinhos para educar, não era o que dizia meu irmão, sofriam nas mãos do sacerdote. Então, meu irmão faz concurso aqui na Capitania dos Portos e segue para a Marinha de Guerra do Brasil. E de lá, do Rio de Janeiro, navio fundeado por lá, ,manda o seguinte telegrama :” seguirei primeiro navio, aí acertaremos os nossos destinos” (Arnulfo).
Mais uma vez a família muda de endereço, agora Aracaju, casa de meus avós. É o ano de 1946, ainda, novembro, após a morte de meu pai.
É nesta terra ,abençoada por Deus, que me adotou e eu adotei-a, de coração, sem ter recebido títulos de cidadão aracajuano/sergipano, que tenho vivido mais de meio século; é aqui que fiz meus estudos; é aqui que criei meus filhos, um médico e uma advogada; é aqui que participei da formação da juventude sergipana, como professor de direito da UFS; é aqui que já advoguei,; é aqui que, finalmente, como funcionário do Banco do Brasil , Supervisor em Lagarto/Salgado e Gerente instalador da Ag. Em Campo do Brito(SE).
Mas, chegando a Aracaju, após a morte de meu pai, minha mãe, com uma pequena pensão, me botou no colégio Jackson de Figueiredo e ali fiz o quarto e o quinto ano de uma só vez. É que o prof. Benedito Alves de Oliveira disse que os alunos do quarto ano(eu cursava o quarto ano), que obtivessem a média 9 no meio do ano, passariam para o quinto e eu, o Prof. João Costa, depois nos encontramos na UFS como mestres, obtivemos e passamos para o quinto no meio do ano. Aí terminamos o quinto e fizemos exame de admissão para o velho Atheneuzinho, dirigido pelo Prof. Joaquim Sobral e fomos aprovados.
Termino o ginásio, mas preciso trabalhar para ajudar minha mãezinha e minha irmã Carmelita, que falece em 1954, estudante da Escola Normal. A princípio trabalho numa firma comercial – Cardoso, Costa & Cia. -, no hoje calçadão, vizinho ao antigo cinema Rio Branco. Mas me matriculei no curso de Técnico em Contabilidade, no primeiro ano
No velho Colégio Tobias Barreto e depois na Escola de Comércio. No Tobias encontrei o prof. Alberto Figueiredo, pai da advogada Denise Figueiredo, minha colega de Banco e de advocacia. Bem, Alberto me convida para trabalhar na Casa Bancária de Crédito Sergipense, onde ele era Contador. Aceito, e é aí que começa a minha vida bancária.
Termino o curso de Contabilidade lá vem novo convite: o Contador do Banco Comércio e Indústria me informa que em Salvador tem um banco – Banco de Crédito Popular -, que querem admitir um funcionário para o cargo de Chefe-de-serviço. Chorei ao sair da terrinha, mas fui seguir meu destino. A sede do Banco era na rua Portugal 12 e Miguel Calmon, 11, duas frentes. Ali me informam que o Banco vai abrir agências nas cidades de Jequié e Itabuna, se eu queria ser o contador instalador da agência. Vou, mas antes venho me casar com minha querida Odete, namorada dos tempos de colégio e escolho Jequié. Lá trabalho, nascem meus filhos, apenas 2, outros faleceram , pois temos o chamado FATOR RH.
Como Contador do Banco estava satisfeito, mas apareceu o concurso do Banco do Brasil, submeti-me e passei em primeiro lugar, no meio de 40 candidatos. Mas fui o último a assumir, dos 4 aprovados, porque fui acometido de asma brônquica alérgica e o médico não me deixava assumir, mas, finalmente, em 14.03.1958, assumi e passei 4 anos em Jequié. Meu irmão – Arnulfo -, dá baixa na Marinha e me pede para vir para Aracaju, a fim de ficar junto da família. Já tinha pedido transferência para São Paulo, Ag. Bom Retiro, mas cancelei e pedi transferência para Aracaju, e em 1962 assumo na velha Ag. da rua da frente. Mas ainda não esmoreço e presto vestibular para direito, sou aprovado e começa nova fase na minha v ida.
Mas faço um parêntese aqui, para citar alguns professores que passaram pela minha vida e participaram, definitivamente para a minha formação cultural: em São Brás não me lembro mais da professora, mas aqui em Sergipe, primeiro Passagem :– Prof. Lila; Jackson –: Profs. Benedito, Judite, Dulce; Atheneuzinho –: Franco Freire, José Augusto da Rocha Lima, Ofenísia Soares Freire, Mons. Dr. Alberto Bragança de Azevedo; Tobias –:Alberto Figueiredo;Minha querida Faculdade de Direito, ainda não era Dep. De Direito da UFS, aliás, Dr. Gonçalo, irmão de José Rollemberg Leite, não queria incorporar a Faculdade de Direito à UFS, ele dizia: “ já somos Faculdade Federal de Direito” e não temos interesse de participar da UFS. Tanto que se aposentou e o Prof. Garcia Moreno, Luiz Bispo, Osman Hora Fontes, Monteirinho e outros incorporaram a velha Faculdade à Ufs. Comungo do pensamento do jurista Gonçalo, como Faculdade o nosso curso era seriado. Veja na foto os colegas formandos, todos começaram no primeiro ano e fomos até o quinto ano. Indague-se aos colegas Carlos Britto, Marilza Maynard, Josefa Paixão, Artêmio, Aparecida, Célia, Netônio, ministro, Desembargadores, Juízes, todos meus contemporâneos, se o curso seriado não era mais produtivo e de maior aprendizagem, preparando melhor os operadores do direito. Fui prof. pelo sistema de crédito e não gostei, turmas heterogêneas.
Bem, concluo o curso de Direito em outubro/69 e sou convidado a ensinar a matéria EPB, recém-criada. Prestamos concurso e passamos a ensinar, definitivamente, a matéria. Somos 8 professores: Carlos Britto, Fernando Lins, José Osvaldo, José Antonio da Costa Melo, Antonio Soares de Araújo, eu, e outros que não me lembro.
Posteriormente, somos guindados às nossa áreas de origem, alguns, como eu, passamos a lecionar no Dep. De Direito. Assim é que, durante mais de 20 anos ministramos aulas de direito – IED e matérias correlatas. Em 1998, me aposento da Ufs e do Banco, desde outubro de 1985. Esta é a história, em resumo, da minha vida.
domingo, 6 de setembro de 2009
Assinar:
Postagens (Atom)