Quinta feira passada, dia 25 deste mês, morre, aos 85 anos de idade José Martinho Ribeiro Nunes, mais conhecido na sociedade sergipana , brasileira e mundial, por ZÉ PEIXE. Foi uma lenda viva que desapareceu e dificilmente haverá um segundo ZÉ PEIXE, insubstituível portanto.
Durante as suas oito e meia décadas dedicou-se, diuturnamente, em desvendar os insondáveis segredos do mar. Fê-lo com persistência, deixando outras atividades de lado. Foi reconhecido e abençoado pelo Deus NETUNO dos romanos que o segurava, quando saltava dos navios, qual águia, a fim de orientar, como prático, os comandantes que aportavam em nossa cidade. E os guiava c om segurança profissional, tendo um capitão da Marinha informado que ele salvara muitas vidas, orientando as embarcações. O poeta dos escravos já houvera invocado o Deus dos Mares: " Netuno, fecha os teus mares". Castro Alves não aceitava a entrada de navios negreiros em nosso território. Porém para o nosso ZÉ PEIXE Netuno abriu os seus mares e recebeu-o em seu seio. Os saltos para o infinito no estuário do rio Sergipe tornaram-se uma façanha para nós outros, mas coisa corriqueira para Zé Peixe.Era quase que um segundo comandante, levando os navios, como prático, por locais onde eles poderiam navegar, sem sustos. Primeiro, porque em nossos oceanos não há "icebergs", mas a barra do rio sergipe é muito estreita e bem raza. Tanto que uma draga, há tempos atrás, veio fazer o serviço de dragagem no local.
Em poucos dias Sergipe perde dois vultos importantes em seus respectivos setores: Luiz Antonio Barreto, homem de letras, pesquisador, estudioso, biógrafo de Tobias Barreto e o herói das águas, o nosso Zé Peixe. O seu corpo foi velado na Capitania dos Portos de Aracaju e o seu féretro fez-lhe justiça: o seu caixão é carregado por 6 marinheiros e posto no carro do Corpo de Bombeiros; as embarcações acompanham o enterro; o povo também o leva " em seus braços". Finalmente o herói dos mares é sepultado no cemitério Santa Isabel. Adeus Zé Peixe, meu contemporâneo. A rua da frente não verá mais aquele homenzinho, simples, usando um calção de banho, diga-se banho do mar, porque, segundo ele, nunca tomou banho de chuveiro. Vá, Zé Peixe, os Deuses estão lhe esperando.
sábado, 28 de abril de 2012
domingo, 22 de abril de 2012
PROVOCAÇÕES ENTRE DOIS MINISTROS DO STF
A mídia nacional destaca as ofensas pessoais assacadas por dois Ministros do Supremo Tribunal Federal, o César Peluso e o Joaquim Barbosa. Segundo o Barbosa, Peluso é ditador e decide de acordo com as suas conveniências. Continua o Ministro queixando-se da maneira como é tratado pelo ex-Presidente do STF, que, por ocasião de um pedido de licença para tratamento de saúde não quís receber os exames, chegando ao ponto de querer aposentá-lo compulsoriamente. Diz mais o Ministro Barbosa:" o ex-Presidente, mesmo sabendo que fizera uma cirurgia dos quadris, designou-me para relatar processos a fim de exigir a minha presença na Corte". Acha que por ser de cor negra é discriminado pelo Peluso. Alega que o ex-Presidente votou duas vezes no processo em que era réu o Senador Jader Barbalho, a fim de revogar a sua pena e voltar ao Senado. É um rosário de reclamações do Ministro Barbosa. Por outro lado o Ministro Peluso acha que seu colega é arrogante, inseguro. Como se vê, os dois se digladiam, dando um mau exemplo aos operadores do direito como juízes, promotores, advogados. Atitudes partidas de dois Ministros de Alta Corte do País. Para os demais Ministros, que são 09 (nove), não são atitudes corretas daqueles que diariamente proferem julgamentos de pessoas, instituições, etc. O povo que já não está satisfeito com a justiça, por ser morosa e os processos dormem nos gabinetes, como ajuizarão tais procedimentos? É uma pena fatos desta natureza. Mas continuemos acreditando na justiça porque um País sem justiça se transformará em uma ditadura, tendo em vista que a democracia é a "menina dos olhos" da Constituição e não queremos mais passar por regime ditatorial. Como assumiu a Presidência da Corte um Ministro conciliador, probo, ético, inteligente, trabalhador e, como ele mesmo diz: " o homem, o político, o juiz, deve ser como a garça, que pousa em brejos, pantanais e não se suja, não se chafurda, volta a voar límpida, alva". E também que " aquele que tem um rei na barriga morre de parto".
sexta-feira, 13 de abril de 2012
O "DOUBLÉ" DE MÉDICO E POETA - MARCELO RIBEIRO
Hoje, já que me encontro sozinho e posso pensar, resolvi fazer uma crônica sobre o meu médico particular, Dr. Marcelo Ribeiro, que, nas horas vagas é um poeta de "boa cepa", " viajando" pelas entranhas do ser humano, desnudando os assuntos, traçando perfis de pessoas, de coisas, em seu linguajar, criando termos, vocábulos, inventando um novocabulário, com a licença poética que só é permitida aos grandes escritores, como o padre Antonio Vieira, que usou " me melem", Camões, e, entre nós, Drumond, Bandeira e muitos outros.
Antes de conhecer o médico/poeta, fui aluno de seu pai, Dr. José da Silva Ribeiro, mestre do direito penal, na vetusta Faculdade Federal de Direito de Sergipe. Nessa época, década de 60, o menino Marcelo, de calças curtas, jogava bola no campo Alberto Azevedo, atrás de sua casa e rezando e comungando no Salesiano.
Um dos seus irmãos, o Wagner, uma das inteligências maiores de nossa Barbosópolis, também escritor, foi meu colega no Dep. de Direito da UFS, ministrando Direito Processual do Trabalho.
Ambos hoje pertencentes à Academia Sergipana de Letras, presidida pelo meu colega do Dep. de Direito Dr. José Anderson Nascimento e tendo como decano, assim me parece, o professor José Amado do Nascimento.
Bem, mas voltemos ao médico. Tive um problemazinho auditivo (cerumen) e visito Dr. Marcelo, fato ocorrido no dia 11.04.2012. Chego ao seu consultório às 13 horas e a sala já está cheia de pacientes. A atendente me diz que eu sou o 14º. a ser atendido. Tudo bem. Me sento ( e não sou poeta para ter a chamada licença poética), mas estou bem acompanhado, em uma das cadeiras do consultório e vejo na mesa da atendente vários livros. Por curiosidade vou vê-los e lá estão livros escritos pelo poeta. Debruço-me sobre os compêndios e escolho o primeiro para ler. Título: "Algum Poema Conciso". Prefácio de Léo A. Mittaraquis e "orelha" do também poeta Vieira Neto.
O prefaciador analisa com acuidade e sabedoria os poemas insertos no livro, fala do "ato solitário de criar" do poeta ,no primeiro poema "Fragmentos" e conclui " testemunho minha gratidão para com o vate". E Vieira Neto escreve", mais adiante, no poema "Eclipse", dedicado ao irmão Wagner Ribeiro, o bardo mostra sua capacidade de invenção verbal: " Acontece/anoitecer-me/em pleno dia/e sombrio aguardar/ficar manhã". Brilhante, segundo Vieira Neto. A imagem é muito profunda, própria dos poetas de alma limpa, mas os vates nunca se encontram na escuridão e sim na claridade meridiana.Em "Sedução" Marcelo compara a lua a uma mulher, que cobre-se de nuvens e, como a mulher, depois desnuda-se.
O poeta vive, em seus poemas, o dia-a-dia de nossa cidade, de nosso Estado, de nosso País, do Mundo; penetra no âmago da sociedade; vê coisas que os pobres mortais não vislumbram. A sua alma está inquieta, quer descobrir, quer ver.
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