sábado, 28 de abril de 2012

ZÉ PEIXE - " O LOBO DO MAR"

Quinta feira passada, dia 25 deste mês, morre, aos 85 anos de idade José Martinho Ribeiro Nunes, mais conhecido na sociedade sergipana , brasileira e mundial, por ZÉ PEIXE. Foi uma lenda viva que desapareceu e dificilmente haverá um segundo ZÉ PEIXE, insubstituível portanto.
Durante as suas oito e meia décadas dedicou-se, diuturnamente, em desvendar os insondáveis segredos do mar. Fê-lo com persistência, deixando outras atividades de lado. Foi reconhecido e abençoado pelo Deus NETUNO dos romanos que o segurava, quando saltava dos navios, qual águia, a fim de orientar, como prático, os comandantes que aportavam em nossa cidade. E os guiava c om segurança profissional, tendo um capitão da Marinha informado que ele salvara muitas vidas, orientando as embarcações. O poeta dos escravos já houvera invocado o Deus dos Mares: " Netuno, fecha os teus mares". Castro Alves não aceitava a entrada de navios negreiros em nosso território. Porém para o nosso ZÉ PEIXE Netuno abriu os seus mares e recebeu-o em seu seio. Os saltos para o infinito no estuário do rio Sergipe tornaram-se uma façanha para nós outros, mas coisa corriqueira para Zé Peixe.Era quase que um segundo comandante, levando os navios, como prático, por locais onde eles poderiam navegar, sem sustos. Primeiro, porque em nossos oceanos não há "icebergs", mas a barra do rio sergipe é muito estreita e bem raza. Tanto que uma draga, há tempos atrás, veio fazer o serviço de dragagem no local.
Em poucos dias Sergipe perde dois vultos importantes em seus respectivos setores: Luiz Antonio Barreto, homem de letras, pesquisador, estudioso, biógrafo de Tobias Barreto e o herói das águas, o nosso Zé Peixe. O seu corpo foi velado na Capitania dos Portos de Aracaju e o seu féretro fez-lhe justiça: o seu caixão é carregado por 6 marinheiros e posto no carro do Corpo de Bombeiros; as embarcações acompanham o enterro; o povo também o leva " em seus braços". Finalmente o herói dos mares é sepultado no cemitério Santa Isabel. Adeus Zé Peixe, meu contemporâneo. A rua da frente não verá mais aquele homenzinho, simples, usando um calção de banho, diga-se banho do mar, porque, segundo ele, nunca tomou banho de chuveiro. Vá, Zé Peixe, os Deuses estão lhe esperando.

Um comentário:

  1. Bela crônica, levou-me a viajar no tempo, relembrando a minha infância,quando ao lado do meu amado Pai encontrávamos Zé Peixe na Rua da Frente, e após as explicações do porquê ele se chamava daquela forma, ficava a imaginar aquele homem franzino indo às profundezas do mar conversar com os habitantes daquelas paragens...kkkk, obrigada por proporcionar esta linda lembrança.Abssss Ivana de Sá

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