terça-feira, 24 de março de 2009

BAIRROS DE ARACAJU DO SÉCULO 20

Do Estado de Alagoas, onde nasci, mais precisamente na cidade de São Brás, localizada à margem esquerda do rio São Francisco, o "velho Chico", chego à "metrópole", para mim, de Aracaju. Chamam-na, à época de Barbosópolis, em homenagem a Inácio Barbosa, governante da época, que transferiu de São Cristóvão para Aracaju a capital do Estado. Contam que um filho da terra sancristovense -" João Bebe Água", guardou por muitos anos os foguetes para espocar tão logo a capital voltasse para a sua terra. É essa Aracaju de 154 anos que encheu os meus olhos de alegria. Essa cidade de Barbosa ( o sufixo indica) me viu pisar o seu chão por volta da metade do século 20. À época poucos eram os seus bairros: Santo Antônio, Industrial, Oficinas (Aribé, Siqueira Campos), Dezoito do Forte, Praia Formosa (hoje 13 de Julho), São José e "Carro Quebrado" ( hoje Av. Edézio Vieira de Melo). Era a época dos nossos queridos bondes, que percorriam todos esses bairros. Havia até o circular; Era a Aracaju bucólica, "Cidade Jardim", como também foi conhecida; Era a Aracaju das vitrines da rua João Pessoa (hj. Calçadão); Era a Aracaju dos carnavais da rua João Pessoa, festejo que percorria desde a José do Prado Franco até a pça. Fausto Cardoso. Vendia-se lança perfume a granel. Cada bairro tinha sua peculiaridade: Santo Antônio sempre dedicado ao santo casamenteiro e ali se instalou a classe média baixa, com suas casinhas. Lembro bem da rua D. Quirino, onde o bonde passava; Simeão Sobral, por onde trafegavam os ônibus que se dirigiam ao interior do Estado. Eram veículos da empresa Marinho Tavares. Ficavam estacionados na rua da frente, ao lado da alfândega, no hidroviário. Bairro Industrial com suas fábricas de tecidos: Confiança e Sergipe Industrial; Oficinas/Aribé/Siq. Campos, onde se desenvolvia, à época, o comércio, com suas bodegas, mercearias e a estação de trem Leste Brasileiro, hoje desativada. Dezoito do Forte, que se desenvolveu junto ao Quartel do 28BC. Praia Formosa (hj. 13 de Julho), local da aristocracia sergipana, ali tinha os Clubes Sergipe e Cotinguiba, depois o Iate, dedicados às regatas. São José, bairro onde se encontra a igreja do mesmo nome, ficava à beira dos mangues. Carro Quebrado era quase que uma vila, com suas casinhas de palha, vizinho ao São José. Depois, no governo Leandro Maciel nasceu Brasília, mangues aterrados com a areia das ruas Capela, Bonfim, Lagarto. Este era o quadro da Aracaju dos anos cinquenta. Bom dia, Aracaju.

2 comentários:

  1. Aí está meus amigos, a comprovação do que tenho dito: história pura, narrada com riqueza de detalhes, leva o leitor a se deslumbrar com a antiga Araaju que a maioria de nós jamais conhecemos. Graças ao amigo Luiz Santana, fonte inegotável de conhecimentos, temo aqui diante dos nossos olhos imagens da Aracaju de ontem e as curiosidades de como era a cidade no início de sua existência. Parbéns Dr. Luiz Santana por esta lição de história.

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  2. Luiz Santana, eu não tenho a idade q o sr. tem. Eu sou de 1943 e ainda me lembro por um pouquinho o bonde e sua garagem no bairro Industrial. Digo-lhe: como eu tenho saudade de Aracaju dos anos 60, principalmente da primeira metade, as noitadas boêmias q eu alcancei, a cerveja de casco verde com carangueijo gordo na então quase selvagem praia de Atalaia e q hj não me agrada mais. O começo da Av. João Ribeiro dia de sexta-feira p,ra virar o sábado, é aquele dizer de Murilo Mellins no seu livro 'Aracaju como vi e vivi": É UMA SAUDADE Q CORROI O CORAÇÃO DA GENTE'

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